A cultura da Idade da Pedra no subcontinente
indiano coincidiu com o início
da colonização pelo homem e progrediu para a agricultura e
o desenvolvimento de ferramentas derivadas de objetos naturais ou criados a
partir de matérias-primas. A comunidade Mehrgarh constitui-se
no estágio preliminar da agricultura no subcontinente e levou ao surgimento
da civilização
do Vale do Indo, pertencente à Idade do Bronze. As civilizações da Idade do Bronze no subcontinente
indiano lançaram as bases da
moderna cultura indiana, inclusive o surgimento de assentamentos urbanos e o desenvolvimento das crenças védicas que
formam o núcleo do hinduísmo.
A irrigação do Vale do Indo,
que fornecia recursos suficentes para sustentar grandes centros urbanos
como Harappa e Mohenjo-daro em
cerca de 2 500 a.C., marcou o início da civilização harappa. Aquele
período testemunhou o nascimento da primeira sociedade urbana na Índia,
conhecida como a civilização
do Vale do Indo.
Esta civilização
caracterizava-se por suas cidades construídas com tijolos, por sistemas de
águas pluviais e por casas com vários andares. a cultura do Indo dispunha
de técnicas de planejamento urbano singulares, cobria uma área geográfica mais
extensa e pode ter formado um Estadounificado,
como sugere a extraordinária uniformidade de seus sistemas de medida.
A civilização védica é a cultura indo-ariana associada
com o povo que compôs os Vedas no subcontinente indiano. Incluía o atual Panjabe, na Índia e Paquistão, e a maior parte da Índia
setentrional. A relação exata entre a gênese desta civilização e a cultura do
Vale do Indo, por um lado, e uma possível imigração indo-ariana, por outro, é
motivo de controvérsia.
A maioria dos
estudiosos entende que esta civilização floresceu entre os II e I milênio
a.C. O uso do sânscrito védico continuou até o século
VI a.C., quando a cultura começou a transformar-se nas formas clássicas
do hinduísmo.
Esta fase da história da Índia é conhecida como o período védico ou era védica.
Sua fase primitiva testemunhou a formação de diversos reinos da Índia antiga.
Durante a Idade
do Ferro, que começou na Índia em torno de 1 000 a.C., diversos
pequenos reinos e cidades-estadoscobriram o subcontinente, muitos mencionados na literatura védica a
partir de 1 000 a.C. Em torno de 500 a.C., dezesseis
monarquias e "repúblicas", conhecidas como Mahajanapadas,
estendiam-se através das planícies indo-gangéticas.
Os Mahajanapadas eram,
grosso modo, o equivalente às cidades-estados gregas do mesmo período no Mediterrâneo, e produziam uma filosofia que viria a formar a base
de grande parte das crenças do mundo oriental, da mesma maneira que a Grécia
antiga produziria uma filosofia que embasaria grande parte das crenças do mundo
ocidental. O período encerrou-se com as invasões persa e grega e a ascensão
subsequente de um único império indiano a partir do Reino de Mágada.
Na altura do século
V a.C., o norte do subcontinente
indiano foi invadido pelo Império Aquemênida e, no final do século IV a.C., pelos gregos do
exército de Alexandre, o Grande. Ambos os eventos repercutiram fortemente na
civilização indiana, pois os sistemas políticos dos persas viriam a influenciar a filosofia política indiana.
Originalmente, Mágada era
um dos dezesseis Mahajanapadas indo-arianos da
Índia Antiga. O reino emergiu como uma grande potência após subjugar dois
Estados vizinhos, e era dono de um exército incomparável na região.
Em 326 a.C., o exército de Alexandre, o Grande, aproximou-se das
fronteiras do Império Mágada. As tropas, exaustas e receosas de enfrentar mais
um gigantesco exército indiano no rio Ganges,
amotinaram-se no rio Hifasis e recusaram-se a prosseguir em direção a leste.
Naquelas condições, Alexandre decidiu avançar na direção sul, seguindo o Indo até
o Oceano.
após a morte de Asoca (232
a.C.). A partir de então, formaram um império que controlou o centro e o sul da
Índia (o Decão),
mantendo a ordem naquela porção do subcontinente em especial após o fim dos
máurias e em face das sucessivas ondas de invasores vindos do noroeste.
Bateram-se ao longo do
tempo contra os indo-gregos,
os sátrapas
ocidentais (indo-citas) e
os indo-partos (partos). Embora pudessem resistir aos avanços
dos seu inimigos (os andaras dispunham talvez das forças armadas mais poderosas
da época na Ásia), os conflitos com os impérios constituídos pelos
invasores de noroeste terminaram por enfraquecê-los até que, em cerca de 220, a dinastia extinguiu-se.
Da mesma forma que os andaras, os guptas foram
uma dinastia nativa da Índia que se opôs aos invasores de noroeste. Nos séculos
IV e V, a dinastia Gupta unificou a Índia setentrional. Naquele período, conhecido
como a Idade do Ouro indiana, a cultura, a política e a administração hindus
atingiram patamares sem precedentes. Com o colapso do império no século
VI, a Índia voltou a ser governada por diversos reinos regionais.
Esta fase histórica pode
ser definida como o período entre a queda do Império Gupta e
as conquistas de Harshavardhana, por um lado, e o surgimento dos primeiros
sultanatos islâmicos na Índia com o correlato declínio do Império
meridional Vijaynagar, no século XIII, por outro. Naquela fase
destacaram-se o Reino Chola, no território correspondente ao norte de Tâmil Nadu,
e o Reino Chera, no que é hoje Kerala. Os
portos da Índia meridional dedicavam-se então ao comércio do Oceano Índico,
especialmente de especiarias, com o Império Romano a
oeste e o sudeste da Ásia a leste. No norte, estabeleceu-se o primeiro
dos Rajaputros, uma série de reinos que sobreviveria em certa medida
por quase um milênio até a independência indiana frente aos britânicos. O período assistiu uma produção artística
considerada a epítome do desenvolvimento clássico; os principais sistemas
espirituais e filosóficos locais continuaram a ser o hinduísmo,
o budismo e
o jainismo.
A invasão do subcontinente
indiano por tribos e impérios
estrangeiros foi freqüente ao longo da história, e costumava terminar com o
invasor absorvido pelo cadinho sócio-cultural indiano. A diferença, na fase
histórica em apreço, é que os Estados muçulmanos invasores
- em geral, de origem turcomana -
mantiveram, uma vez instalados no subcontinente, seu caráter islâmico, com
repercussões até os dias de hoje.
Em 1526, um descendente de Tamerlão chamado Babur, de origem
turco-perso-mongol, atravessou o Passo Khyber,
invadiu o subcontinente e estabeleceu o que viria a ser o Império Mogol,
que perduraria por mais de dois séculos e cobriria um território ainda maior do
que o do Império Máuria. Por volta de 1600, a dinastia mogol já
controlava a maior parte do subcontinente; entrou em declínio após 1707 e foi finalmente
defenestrada pelos britânicos em 1857, após a revolta dos cipaios.
Da mesma maneira pela qual os conquistadores
mongóis da China e da Pérsia haviam
adotado a cultura local, os mogóis professavam uma política de integração com a
cultura indiana que contribui para explicar o seu sucesso em comparação com
o Sultanato de Déli. Os grão-mogóis casaram-se com a realeza local,
aliaram-se com marajás e procuraram fundir a sua cultura turco-persa
com as tradições indianas.
A descoberta da rota marítima para a Índia em 1498, por Vasco da Gama,
sinalizou o início do estabelecimento de territórios controlados pelas
potências europeias no subcontinente. Os portugueses constituíram bases em Goa, Damão, Diu e Bombaim,
dentre outras. Seguiram-se os franceses e
os neerlandeses no século XVII.
A Companhia
Inglesa das Índias Orientais estabeleceu
uma primeira base em Bengala, em 1757. Na altura dos anos 1850, os britânicos já
controlavam quase todo o subcontinente, inclusive o território correspondente
aos atuais Paquistão e Bangladesh.
A revolta dos sipais, de 1857, forçou a companhia a
transferir a administração da Índia para a coroa britânica.
Organizações
sociais fundadas no final do século XIX e início do XX para defender
os interesses indianos junto ao governo da Índia britânica transformaram-se em movimentos de massa contra a
presença britânica no subcontinente, agindo por meio de ações parlamentares e resistência
não-violenta. Após a partição da Índia, ou seja, a separação do antigo Raj britânico entre
a República da Índia e o Paquistão,
em agosto de 1947, o mundo testemunhou a maior migração maciça
da história, quando um total de 12 milhões de hindus, siques e muçulmanos cruzaram
a fronteira da
Índia com o Paquistão Ocidental e
a fronteira
da Índia com o Paquistão Oriental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário